A submissão da esposa

A filósofa Edith Stein, citada nas Obras do Padre Charbonneau, diz:

“Colocando a mulher submissa ao homem, a Escritura nada exige do arbitrário, anti-natural e avesso à lógica das coisas. Este mandamento bíblico é, ao contrário, a expressão da metafísica dos sexos. Se comparamos o casal a uma árvore, o homem é figurado pelos galhos e ramos e a mulher pelas raízes. A raiz escondida vivifica os mais altos ramos enquanto que toda a ramagem banhada pelo sol está em relação com as raízes mais profundas. Estas infundem aos ramos força e desenvolvimento, regulando eles o desenvolvimento daquelas”.

Podemos notar que a interiorização da esposa é fundamental, como a natureza bem dispôs, para que não sofresse as intempéries externas. Para florescer, dar frutos e garantir a sobrevivência espiritual de seu lar, a mulher precisa ser conservada com toda a sua essência e o mais inclinada possível para ele, pois quanto menos ao exterior ela estiver devotada, tanto maior será o seu proveito e enriquecimento. E o homem, que se expõe para receber a luz e da raiz obtém os demais nutrientes, o faz para garantir a perpetuação da espécie e se encarrega da sobrevivência física e de toda a sustentação externa da família. É a raiz, entenda-se a rainha do lar, que contém a seiva bruta de nutrientes, que dispõe de todos os nutrientes necessários para que as folhas e galhos, danificados pelas agressões externas, possam se refazer e renascer. É ela que, de modo impenetrável aos olhos humanos, está distribuindo abundantemente toda a força, energia, amor e os demais nutrientes necessários pelos caules, e naturalmente produz belíssimas flores e frutos dessa verdadeira submissão a Deus através de seu marido.


Dispondo completamente de tudo ao que tende a sua natureza feminina, a mulher alcança a felicidade e a alegria de sua vida; de outro modo, se frustrará, principalmente pela tentativa de viver como uma “mulher moderna”, dispondo de duas naturezas (o que é impossível e anti-natural) e sendo uma abominação, procurando alterar sua própria essência em luta por uma falsa “igualdade” e que mutila seu próprio espírito, sendo enfim, infeliz.


A harmonia entre o homem e a mulher não poderia ser possível sem que ambos estivessem completamente inclinados à lei de Deus, e por consequência à lei natural, que Ele impôs, pois sabe melhor que nós qual é o melhor caminho para nossa felicidade e realização. Enfim, louvado seja esse lar, em que há harmonia e onde Cristo reina, pois sua família exalará graça e será abençoada abundantemente.


Vemos em grandes florestas, ao amanhecer, névoas belíssimas, que nada mais são que a evaporação da umidade da floresta. Pois a exposição do homem à luz e intempéries do tempo e a grande produção de seiva da mulher na raiz do amor conjugal abundaram em uma grande transpiração para a natureza, transparecendo, assim, como são saudáveis e ricos.


A submissão da esposa está naturalmente inclinada ao homem que possui virtudes sólidas para guiá-la e usufruir das preciosidades e talentos que Deus dispõe nela. Isso acontece da mesma forma como a raiz, para que a árvore possa florescer, precisa provê-la de nutrientes e disposições da natureza necessárias para isso. Ora, se o homem não possui a maturidade e estrutura necessária e não cumpre com suas obrigações, como espera de sua esposa que o responda com uma submissão cristã?


E então, de quais virtudes o homem deve dispor para melhor usufruir e guiar uma esposa? Devem-se observar todas as virtudes necessárias para qualquer autoridade, conforme seu estado. Neste caso, acredito ser de absoluta importância o homem praticar as virtudes da justiça, temperança, prudência, fortaleza, constância, caridade e humildade.

Quanto mais a raiz, entenda-se a mulher, esteja escondida e profunda no lar, mais fará germinar em seus filhos e marido a essência de Deus, fundirá seu lar em puro amor e este não terá fim. O maior exemplo disso é a Virgem Maria, que, durante a vida, permaneceu muito oculta. São Luís Maria Grignion de Montfort diz: “É por isso que o Espírito Santo e a Igreja lhe chamam, Alma Mater, mãe escondida e secreta. Seus próprios pais não a conheciam, e os anjos perguntavam muitas vezes entre si: ‘Quem é esta?’ (Ct 8,5), porque o Altíssimo lha escondia ou, se alguma coisa lhes revelava a seu respeito, infinitamente mais lhes ocultava. Maria é a fonte selada e a esposa do Espírito Santo, onde SÓ ELE TEM ENTRADA. Maria é o Santuário e o Repouso da Santíssima Trindade, onde Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar a sua morada acima dos querubins e serafins. Neste santuário NENHUMA CRIATURA, por mais pura que seja, PODE ENTRAR, a não ser por grande privilégio”.¹

Mas, vemos também a importância de a esposa receber de seu esposo e filhos toda a honra e glória em seu lar, essas que são infinitamente superiores às externas, ou seja, às glórias que provêm de desconhecidos e pessoas fora do seu círculo familiar. Assim complementa São Luís: “Maria não foi ainda suficientemente louvada e exaltada, honrada, amada e servida. Merece ainda muito maior louvor, respeito, amor e serviço. Por isso, devemos dizer com o Espírito Santo: ‘Toda a glória da Filha do Rei lhe vem do interior’ (Sl 44, 14). É como se toda a glória exterior que o Céu e a Terra lhe tributam à porfia não fosse nada em comparação com a que recebe interiormente do Criador! As pequenas criaturas desconhecem essa glória por não poderem penetrar no mais íntimo segredo do Rei. Depois de tudo isto, temos de exclamar com o Apóstolo: ‘Nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração do homem compreender...’ (1 Cor 2,9) as belezas, grandezas e a excelência de Maria (o qual, nesta analogia representa a esposa e mãe)”.²

E a mulher? A mulher naturalmente se inclinará a respeitar e ser totalmente submissa a um homem dotado de humildade e de todas as demais virtudes necessárias ao exercício de uma autoridade. O homem notará que raramente dará alguma ordem ou decidirá sozinho os caminhos do lar, pois a graça será abundante em um lar que a lei de Deus está exprimida no caráter dos esposos. Raramente o fará, pois a mulher seguirá suas direções pelos seus exemplos, por conhecê-lo profundamente com o passar dos anos e por honrar e glorificar a Deus em todas as coisas e em primeiro lugar. O homem humilde jamais desprezará e rebaixará a sua amada, pois toda autoridade busca ELEVAR as pessoas que lhe são confiadas por Deus, e, claro, jamais reclamará sua autoridade, pois uma verdadeira autoridade não precisa ser lembrada e nem imposta, ela simplesmente é. O homem humilde exalará respeito e admiração, e aquecerá deste modo o coração da mulher.

Rapazes, encontraram a Mulher Forte? Empenhem-se nas práticas das virtudes, em serem homens resolutos, enérgicos e cheios de vontade. Empenhem-se em fazer sacrifícios, em conservar o pilar da fé cristã que é a vida de oração e em cumprir suas obrigações de estado com excelência. E, por fim, em conservar a temperança e a prudência em todas as ações e palavras, para com facilidade assim guiar vossos lares e famílias, se, com a graça de Deus, alcançarem tão belo plano e vocação divina.

A mulher moderna pode negar com a boca, mas sua vida inteira é tensionada pelo desejo de ser guardada, protegida por um homem, de interiorizar toda a sua graça, que deveria ser entregue ao seu único e verdadeiro amado, escolhido por Deus. E os homens desejam aquela que o nutra interiormente, que aponte razões, que seja sua conselheira, a sabedoria escondida no lar, e que ele possa julgar e ordenar todas as coisas ouvindo sempre a sua bela amada, sábia e prudente, que entre suas meditações e orações ouve a Deus e calorosamente inclina seu amado às decisões que, por instinto ou virtude, lhe parecem corretas. O homem guiado pelo mesmo espírito e muito resoluto, lembra-se de sua amada em cada decisão, lembra-se dela em cada palavra e ação, protege-a e guarda de toda atrocidade externa, de toda decisão desastrosa, protege-a na sua inocência e pureza do mundo corrompido com toda a sua vida e todo o seu sangue. Isso se estende aos seus descendentes, naturalmente. Elas podem negar essas verdades com sua língua, mas seu espírito não pode recusá-las sem destruir-se, e elas demonstram isso sem cessar.

Estimadas futuras rainhas do lar, peço, e creio fazer voz aos diretores espirituais também, que sejam muito cuidadosas e prudentes na escolha de vossos digníssimos esposos, pois o marido é a única autoridade que Deus nos permitiu e confiou a escolha. Sejamos, pois, mulheres piedosas e obedientes a Deus, primeiramente, em aceitar todas as suas vontades e disposições, que mesmo não conhecendo seus desígnios no momento, temos a certeza que é o melhor para nós. Não se conformem com um homem sem virtudes e estruturas para ser uma autoridade. Sei que a sensibilidade pode muitas vezes clamar por um rapaz, mas, sejamos resolutas em fazer a vontade de Deus e não a da carne. Sabemos o fim desastroso que excluir a razão dessa decisão inclui, que nenhuma de nós “pague para ver”. Não tenham medo e inseguranças, não aceitem menos do que vocês merecem. Deus basta.

Mulheres, a nós está reservada a mais bela e dolorosa missão, de sacrificar as glórias e honras que o mundo nos oferece, e nos entregar às glórias e honras do lar, no segredo, onde muitas vezes seremos recompensadas e reconhecidas apenas por Deus. Todas nós somos chamadas a praticar as virtudes da modéstia, prudência, humildade, obediência, pureza e todas as relacionadas e co-relacionadas a essas. Por fim, sermos santas e comedidas, que nossa santidade e feminilidade exale em nosso lar e conduza todos ao nosso redor para o céu. Que possamos abundar nutrientes em nosso lar, e enfim reinar no coração de nossos maridos e filhos, do qual somente eles e Deus possuam conhecimento total, por toda a eternidade, como um jardim secreto.

“Queres que a tua mulher seja submissa como a Igreja o é a Cristo? Tem para com ela a solicitude de Cristo pela sua Igreja. Em rigor, pode dominar-se um servo pelo medo. Mas a companheira de tua vida, a mãe dos teus filhos, a causa da tua felicidade e da tua alegria, não a podes encadear pelo medo e pelas ameaças. Deves prendê-la pelo amor e pela delicadeza. Que união pode existir quando a mulher treme diante do seu marido? Mesmo se sofreste um pouco por ela, não lhe lances isso em rosto. Cristo fez muito mais pela sua Igreja" nos diz São João Crisóstomo.

Salve Maria Puríssima.


¹Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria – São Luís M. G. de Montfort, pg 19.

²Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria – São Luís M. G. de Montfort, pg 20.

Créditos especiais à minha estimada amiga Suelen Lechuk, a qual me inspirou para este artigo e o revisou.








Comentários

  1. Parabéns pelo texto!
    Sugiro, e rezo, para que futuramente os melhores posts deste blog transformem-se num livro.

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    1. Obrigada Evandro. Compilar um livreto dos artigos do blog é uma ótima sugestão, que Deus propicie!

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  2. Salve Maria!

    Excelente artigo!

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  3. Estou precisando de ajuda! Onde consigo seu e-mail?

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